Isn't it ironic?




"(...) As palavras guardam o que julgamos ter perdido para sempre, é por isso e para isso que escrevemos, para resgatar o impossível. (...)"

terça-feira, 10 de abril de 2012

JP

Nunca fui muito boa em falar de pessoas de uma forma específica, mais ainda quando penso em alguém que faz parte da minha vida de uma forma contínua e profunda. Há sempre alguma coisa que fica por dizer, ou pela dificuldade dos meus paradoxos e imprevísibilidades.
Quando falamos de amor a coisa torna-se quase como núvens de algodão doce, sendo que podemos imaginar 'se' mas, dificilmente, podemos afirmar 'que'.
Quando falo, ou escrevo, ou penso, sobre a minha relação, não temo ser mal interpretada, porque pura e simplesmente ele não lê o que eu escrevo e raramente pergunta o que eu penso, mas temo ser injusta, pelo simples facto de eu ser Vénus e ele Marte.

Antigamente, quando as borboletas invadiam o meu sistema digestivo e os suores frios incendiavam toda a parte visível e invisível do meu corpo, as palavras saiam de forma tão espontânea e rápida, que eu em menos de cinco minutos tinha uma história de amor para contar, com vírgulas e parágrafos.
Hoje, e porque as coisas mudam, e porque cresci e porque invés de ser uma sonhadora prefiro a sensação de me sentir realista, e porque sim e porque não.. as histórias demoram um pouco mais a fluir, as palavras ganham algum receio de sair, os movimentos ganham algum orgulho e a sensação de que os sonhos não existem, ditam, muitas vezes, a fuga das borboletas e o nervos dão lugar à simplicidade dos factos.

Sou suspeita para falar de amor. Por me sentir meio céptica e por estar com alguém que me parece, desde sempre, uma pessoa pouco ligada aos afectos. E isso baralha, não o que eu sinto, mas a forma como me revejo a longo-prazo. Porque eu não temo dizer, alto e em bom som, que os meus pensamentos se baseiam numa perspectiva a longo prazo. Gosto de pensar no futuro, isso dá-me segurança e alimenta a minha vontade de seguir em frente. Essa sensação de seguir em frente que as mulheres de hoje não sentem.
Eu gosto de sentir que gostam de mim, ontem, hoje, amanhã e depois de amanhã. A ideia de cair no esquecimento de alguém que faz parte de mim, hoje, assusta-me. E temo sim, temo todos os dias. Temo pela saúde, pelo amor, pelo respeito, pelas brigas, pelo dito e não dito. Temo apenas, porque sim.

E apesar de tudo pelo que já passei, pelas noites mal dormidas, pelos murros na mesa e sufocos de insegurança, choros de brigas sem jeito, esperas intermináveis e sentimentos de culpa, hoje posso garantir com todas as minhas forças que te amo.

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